O tempo está passando cada vez mais depressa, ou seria esta apenas uma sensação minha? Pois bem, só sei que já se passaram exatamente seis meses que, com os corações cheios de planos, esperanças, ansiedade e também medo, esse 100% da minha parte, desembarcamos em Toronto. Exatos seis meses da nossa vida canadense, que se passaram rápido, mas que também trouxeram tantas mudanças que faz parecer uma vida.
O primeiro passo importante quando chegamos foi providenciarmos um lugar para chamar de casa, de lar. Nos dias iniciais ficamos num AirBnb na região do High Park, lugar bem aconchegante por sinal, depois de algumas tentativas frustradas, nos indicaram um corretor brasileiro, que nos ajudou a encontrar o nosso lugar e então acabamos da região da Yonge and Eglinton, que fica em Midtown.
Temos muitas obras na vizinhança, o que a princípio parece algo ruim, porém posso afirmar que não, não é. Além da sensação de cidade em desenvolvimento, de pessoas trabalhando, fazendo a engrenagem girar é até boa e, de fato, não atrapalha no dia a dia. Até quando a nossa linha de metrô fecha, nos finais de semana, o sistema com suttles funciona e atende muito bem. Aliás, até agora tenho achado o sistema de trânsito como um todo bem bom.
Depois de termos garantido nossa casinha, foi a hora de fazer a festa na Ikea. Apesar de cansativa a experiência foi super divertida, inclusive a montagem dos móveis – por nossa própria conta e risco -, em um completo trabalho em equipe, onde até o pequeno e o das patinhas participaram, hahahahaha…
O segundo grande desafio foi vencer o frio. E como faz frio aqui, diferente de todo outro que já conhecíamos para falar a verdade. Chegamos no final do inverno e início da primavera, que achei gelada demais. Além disso, as pessoas parecem mais tristes ou bravas, escondidas nas suas várias camadas de roupas e gigantescos casacos. A cidade parece triste e “feia”, escondida numa paisagem branca e cinza. A neve, maravilhosa à primeira vista, especialmente para quem vem do nordeste do Brasil, se torna incômoda e cansativa, ou seja, não é mais tão divertido assim.
Mas, de repente (ao menos é como costumo pensar), a neve foi embora… A cidade ficou tão colorida, com muito verde e muitas, mas muitas flores mesmo. As pessoas apareceram, as pessoas até sorriam para as outras na rua. E tudo isso torna o processo de adaptação mais fácil, a saudade de casa um pouco menos dolorida…
Por fim, o terceiro grande desafio: a língua e os costumes. Meu inglês no Brasil era nível intermediário, mas quando cheguei aqui vi que não era bem isso, além do que eu simplesmente travei na língua. Talvez o emocional, advindo com todo o processo de mudança tenha sido fator para isso, mas não foi e ainda não é como pensei. Fiz um mês de um curso geral, mais 12 semanas de um Pathway, para me preparar e tirar toda e qualquer condicional para meu college, que começa agora em setembro. Vida académica, depois de quase 14 anos, ai vou eu novamente!
Ainda me sinto bastante insegura com a língua, especialmente para falar – muitas regras e confusão com o português que estudei a vida inteira – aliás, o que me conforta é que foram anos de estudo da minha própria língua, imersa na minha própria cultura, para chegar no nível que cheguei, ou seja, agora é repetir esses anos de estudo “imerso” para chegar em um nível de, pelo menos, razoável conforto.
Sobre os costumes, nossa aqui são tantas culturas juntas, convivendo pacificamente, mas que chega a dar um nó na cabeça para entender, se adaptar, conviver… Aliás, um dos motivos de escolhermos esse destino para criar nosso pequeno foi esse, além da segurança, crescer em um ambiente onde as diferenças não apenas convivem, mas também se respeitam, faz toda a diferença.
Agora, que venham os próximos seis meses. Que venham as muitas outras mudanças e experiências. E que Deus nos ajude no pesado inverno, hahahaha…